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Big Data: deslumbramento X ‘Grande Irmão’

* por Mariano Sumrell, via Canaltech

 

Num mundo cada vez mais conectado e informatizado, é surpreendente a quantidade de dados digitais armazenados no mundo. Atualmente, estima-se a marca dos 1,8 zettabytes (1 zettabyte equivale a 1 bilhão de gigabytes). O setor de tecnologia da informação prevê um crescimento anual de 40% e, desta forma, chegaremos aos 7,9 zettabytes de informações armazenadas digitalmente até 2015.

 

A maior parte desses dados é não-estruturado e sua análise não pode ser feita com as técnicas tradicionais de bancos de dados relacionais ou multidimensionais. E é disso que se trata o Big Data: a análise de uma quantidade massiva de dados, em geral, não-estruturados. Essa análise requer dezenas, centenas ou até mesmo milhares de servidores rodando softwares em paralelo.

 

O Big Data traz uma série de possibilidades que incluem melhoria nas previsões meteorológicas, previsão de terremotos, uso de fotos de satélite para fornecer informações de vagas de estacionamento livres em grandes cidades, prospecção de petróleo, aplicações de Business Intelligence, Google Dengue Trends (avaliação em tempo real da incidência de dengue baseado em busca de determinado termos de pesquisa no Google) e análise de comportamento e perfil de compra de consumidores.

 

O lançamento do Google Glass e outros wearable devices que surgirão no mercado traz ainda mais lenha para a fogueira do Big Data. O Google Glass, com sua câmera e mais treze sensores, vai gerar uma quantidade colossal de dados, além de possibilidades infindáveis de informações que pode oferecer ao usuário baseado em sua posição, movimento, hábitos e atividades anteriores.

 

Mas, junto com as inúmeras possibilidades empolgantes e desejáveis, o Big Data traz uma grande preocupação: a privacidade. Notícias sobre o programa de vigilância do governo americano – o PRISM –, a enorme quantidade de informações dos indivíduos que empresas como o Google têm acesso (dados de navegação, agenda, contatos, e-mails, círculos de relacionamentos e muito mais) e o vazamento de informações marcadas como privadas nas principais redes sociais, principalmente o Facebook, são motivo de preocupação às pessoas sensibilizadas com a questão da privacidade.

 

O cenário está formado. As condições para a existência do “Grande Irmão” previsto por George Orwell na década de 40, no seu memorável “1984”, estão aí. O Big Data é inexorável. Resta saber se a sociedade saberá como coibir, ou se será possível coibir, as violações aos direitos individuais que podem advir do seu mau uso.

 

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